domingo, 20 de abril de 2014

A imponente voz se calou



O raciocínio e agilidade em descrever as jogadas e identificar os jogadores nas transmissões não eram os mesmos nos últimos anos.

Chegou a ficar um período afastado do trabalho, depois de sofrer um AVC em 2012.

Mas a voz de Luciano do Valle continuava firme e forte. E era impossível não reconhecê-la nestes 50 anos de carreira.

Muito mais do que um narrador esportivo, Luciano do Valle foi um grande divulgador das mais diferentes modalidades no Brasil, em especial o vôlei.

Tanto que chegou a ser conhecido como "Luciano do Vôlei", após promover uma partida entre Brasil x União Soviética em uma quadra montada no Estádio do Maracanã, completamente lotado, em 1983.

Apresentou Maguila no Boxe, cobriu as conquistas de Fittipaldi na F1 e F-Indy, NBA, NFL, sinuca, Campeonato Italiano de Futebol, enfim, tudo que fosse relacionado ao esporte, passou por ele na Band nas décadas de 80 e 90, quando não existia TV a cabo no Brasil e a emissora ficou conhecida como o "Canal do Esporte".

Começou a carreira cedo, com 16 anos no rádio, em Campinas, cidade onde nasceu.

Foi o narrador principal da Globo por 11 anos, de 1971 a 1982. Passou também pela Record, de 82 a 83 e 2004 a 2006.

Mas foi na Band que teve a maior trajetória, entre os anos de 1983 a 2003 e 2006 até o momento de sua morte.

Quem atua hoje no jornalismo, e principalmente no jornalismo esportivo, não tem como não admirá-lo.

Confesso que não o tinha como meu narrador preferido, mas nomes como o dele, Galvão Bueno, Silvio Luiz, é preciso se respeitar, gostando deles ou não. Possuem uma rica história no esporte.

Teve uma passagem recente por Foz do Iguaçu, a qual escrevi certa vez aqui no Blog e não retiro as linhas e dúvidas que levantei à época. Por mais que tenha promovido e ajudado a criar o futebol feminino na Terra das Cataratas, trazido patrocinadores fortes como Caixa Econômica Federal e Coca-Cola, o interesse repentino por Foz do Iguaçu nunca foi muito bem esclarecido. Pois da mesma maneira que começou a falar da cidade nas transmissões, parou repentinamente. Conheço pessoas que afirmam terem tido prejuízos com a passagem de Luciano e sua empresa por Foz.

Mas isso não vem ao caso agora.

É sempre muito triste quando alguém morre assim, de repente, sabendo que poderia continuar na ativa por mais alguns anos.

E Luciano do Valle morreu indo trabalhar, quando passou mal no avião que o levava a Uberlândia, onde transmitiria Atlético Mineiro x Corinthians, pela primeira rodada do Brasileirão 2014, ano de Copa do Mundo.

A vida não permitiu que LV pudesse encerrar a carreira narrando mais um Mundial e em seu próprio país. Ou as próximas Olimpíadas, no Rio de Janeiro, em 2016.

Que a equipe da Band tenha forças para superar a ausência do maior locutor que a emissora teve, num ano tão importante.

A comunicação perdeu uma das mais imponentes vozes do esporte.

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