segunda-feira, 26 de julho de 2010

Até quando?


Desapontamento nítido de Felipe Massa no pódio


"Isso é ridículo", esbravejou o espanhol Fernando Alonso à equipe Ferrari sobre a defesa de posição, feita de forma legal, pelo brasileiro Felipe Massa.


O público da Fórmula 1 não imaginava o quão ridículo seria a atitude seguinte dos italianos...


Exatamente na volta 48, restando 18 pro final, veio a mensagem subliminar para Massa entregar a posição ao espanhol.


"Alonso está mais rápido do que você. Pode confirmar que entendeu a mensagem?"


A primeira frase foi dita tão pausadamente, que até quem não sabe falar inglês teria tempo de consultar um dicionário e achar o significado. Massa não só entendeu a mensagem, como fez questão de frear abruptamente, deixando de forma clara que facilitou a ultrapassagem de seu companheiro Alonso, assumindo a ponta para vencer o GP da Alemanha.


Foi então que esta categoria do automobilismo, chamada de Fórmula 1, provou novamente ser movida a negócios. Por isso, talvez, é que não dê mais para chamá-la de esporte. Esporte é outra coisa.


Jogo de equipe não é novidade na F-1. Vem desde os tempos de Juan Manuel Fangio. O que muda são as atitudes dos pilotos. Alguns aceitam. Outros (a maioria, felizmente) não.


Infelizmente os últimos três casos emblemáticos de subordinação envolvem brasileiros.


O primeiro e mais impactante deles foi do também ferrarista Rubens Barrichello, em 2002, no GP da Áustria, parando a poucos metros da linha de chegada e entregando uma vitória certa - como era a de domingo (25) com Felipe - para o seu então companheiro Michael Schumacher.


Em 2009, o pior de todos. O caso de Nelsinho Piquet, da Renault, que bateu propositadamente, a mando de Flavio Briatore, para beneficar sabe quem? Alonso, claro. Eu digo que esse foi pior porque além de Piquet ter aceitado essa atitude tão baixa e nojenta, ele colocou em risco a vida de outros pilotos, além da própria, lógico.


E ontem o filme se repetiu.


Ah, Massa, como eu o admirava. Poderia ter comemorado com uma bela vitória 1 ano da nova vida, após ter se recuperado do grave acidente que sofrera na Hungria.


Sinceramente não consigo entender como alguém consegue se sujeitar a isso. São cláusulas no contrato? É medo de ser demitido? É falta de caráter? A verdade é que nada justifica.


Primeiro porque estamos no meio do campeonato. Segundo que, por mais que Alonso tenha chances de ser campeão (e eu duvido que consiga ser), Massa também tem. Será que o famoso "prestígio" que o brasileiro parecia ter dentro do time de Maranello, não seria capaz de fazer com que o brasileiro batesse de frente com uma ordem como essa? Se ao menos valesse o título do Mundial, é de se entender. Agora, sujeitar-se a isso, a troco de nada? Não vejo vantagem.


Cada vez mais tenho que concordar com Airton Gontow, que escreveu para o blog de Juca Kfouri, dizendo que a F-1 virou um grande circo, onde os palhaços somos nós. Bem que dizem que o amor é cego. Só mesmo sendo muito apaixonado pelo jornalismo esportivo para continuar acordando cedo aos domingos - às vezes de madrugada - e acompanhar as corridas, algumas monótonas.


Para que eu e milhares de outros torcedores não sintam tanto o orgulho ferido, o melhor é torcer por uma punição ainda mais rigorosa do que os US$ 100 mil de multa imposta pela FIA. É preciso algo mais. Os pilotos deveriam ser excluídos do resultado final desta prova e a Ferrari perder todos os pontos do Mundial de Construtores.


Por bem menos a McLaren perdeu em 2007. Por que não pode ocorrer com a "intocável" Ferrari? O julgamento será no dia 10 de setembro. O fato de Jean Todt ser o atual presidente da FIA não me entusiasma. Isso porque ele deu exatamente a mesma ordem a Barrichello quando era chefe da equipe Ferrari, em 2002. Não penso que iria repudiar tal atitude agora. Veremos...
Foto: Getty Image

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