sexta-feira, 6 de julho de 2018

Momento de avaliação na seleção

Não se pode fazer terra arrasada por conta de uma eliminação nas quartas de final da Copa do Mundo.
Está claro que o Brasil evoluiu muito de quatro anos para cá. Poderia ter evoluído mais, caso o técnico Tite tivesse assumido o comando da seleção brasileira logo após a Copa de 2014.
A CBF preferiu trazer de volta o Dunga, e o trabalho teve atraso de uns dois anos.
Agora deve ser mantido, visando a Copa de 2022, no Catar.
Foi apenas a primeira derrota de Tite em uma partida oficial. A outra havia sido um amistoso contra a Argentina. E é a primeira vez em 26 jogos no comando da seleção que seu time leva mais de um gol no jogo.
O Brasil fez apenas duas grandes atuações nesta Copa na Rússia. Contra a Sérvia na primeira fase (2 a 0) e contra o México, nas oitavas de final (2 a 0). E mesmo no jogo em que foi eliminado contra o Bélgica (1 x 2) não jogou mal.
Foram 26 finalizações, quase 60% de posse de bola.
Pecou em falhas de marcação e, novamente em jogada de bola aérea, determinante para dois dos três gols que sofreu em cinco jogos.
Ofereceu muito espaço a De Bruyne, que mais perto do ataque teve liberdade para dar passes e até marcar, como fez no segundo gol. O primeiro sofrido foi contra, de Fernandinho, que aliás fez uma péssima partida substituindo o suspenso Casemiro.
Neymar, principal jogador do Brasil, não foi tão reclamão do que nos outros jogos. Talvez pelo fato de estar pendurado e um outro cartão amarelo o tiraria da semifinal, caso o Brasil avançasse. Ele até foi honesto ao reconhecer não ter sofrido pênalti em um lance do primeiro tempo.
Pênalti que o árbitro não marcou em Gabriel Jesus, ao ser atingido por Kompany. Não marcado mesmo com o auxílio do árbitro de vídeo.
Mas, voltando ao Neymar, não foi nem de longe sua melhor atuação. Muito apagado. E ao final do jogo preferiu não falar com a imprensa. É um direito dele, mas espera-se mais de quem é referência no time nacional. Falar apenas quando vence é fácil.
O goleiro belga Courtois fez uma partida extraordinária. É um ótimo goleiro e não é de hoje. A famosa frase sempre usada a cada quatro anos da "Geração Belga" parece fazer muito sentido agora. De fato, esse é um dos melhores times belgas de todos os tempos, treinado pelo espanhol Roberto Martínez e que repete o feito do Mundial de 1986, no México, onde também chegou às semifinais e foi desclassificado pela Argentina, que se tornaria campeã. Essa Bélgica de 2018 pode bater de frente com qualquer seleção e dará muito trabalho à também boa seleção da França.
Ao Brasil resta refletir e começar a pensar no futuro. Tem Copa América em 2019 onde jogará diante da torcida brasileira.
Uma derrota também deve servir de lição. Ela dói, mas no esporte tem dessas coisas. Havia muita expectativa pelo fim do jejum que já dura desde 2006 em busca do hexacampeonato. Parece que a torcida não aprendeu nada com o 7 a 1. Parte dos brasileiros seguiam arrogantes no futebol, esquecendo-se que do outro lado também há um adversário que se prepara para os jogos. Mas essa empolgação pode ter partes de culpa da própria mídia que cobre o time brasileiro. Os telejornais globais davam a impressão de que o time de Tite venceria facilmente qualquer adversário e desde a primeira fase vimos que não seria bem assim. Torcer, vibrar, comemorar, sonhar, tudo faz parte do jogo. Porém, um pouco de pés no chão às vezes faz bem.